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PARASSONIAS

Parassonia é o termo médico utilizado para o transtorno do sono que envolve comportamentos e sensações indesejáveis que ocorrem enquanto você está adormecendo, durante o sono ou quando se está acordando.

As principais parassonias são o sonambulismo, terror noturno, paralisia do sono, pesadelo e distúrbio comportamental do sono REM. São mais frequentes em crianças e pré-adolescentes, e geralmente há histórico na família de outras pessoas com o mesmo quadro. Estas parassonias tendem a se tornar menos frequentes com o avançar da idade.

Algumas situações como estresse físico, pressão psicológica, cansaço extremo ou quadro febril parecem favorecer o aparecimento destes episódios. Estes distúrbios do sono costumam ser leves e geralmente não interferem na qualidade do sono ou na saúde dos adultos ou das crianças.

No entanto, se ocorrem com muita frequência ou se duram muito tempo, pode haver necessidade de auxílio médico para diminuir o número e a intensidade destes episódios.



Pesadelo



Os sonhos fazem parte do sono, mesmo que ainda não se saiba exatamente por que sonhamos, sabe-se que é uma situação fisiológica e normalmente agradável que acompanha alguns momentos do nosso sono. Os sonhos podem ser agradáveis e alegres, mas também desagradáveis, tristes e por vezes até assustadores, como os pesadelos.

Ter um pesadelo eventualmente não é algo com o que se preocupar. Porém, quando o pesadelo é muito frequente e desagradável, chegando a interromper o sono, causando sofrimento e dificuldade para retomar o sono, podemos dizer que é um transtorno e que precisa de investigação. Quando os pesadelos acabam por interferir no sono, gerando ansiedade e medo de dormir, eles podem facilitar o desenvolvimento de um quadro de ansiedade e até de insônia. Nestes casos, é sempre aconselhável procurar um médico especialista para uma investigação e tratamento do quadro.

As crianças costumam ter mais pesadelos que os adultos, sendo que estes pesadelos tendem a diminuir com o avançar da idade. A maior parte dos sonhos e dos pesadelos acontecem na segunda metade da noite e próximo ao amanhecer, quando temos maior quantidade de sono REM (fase do sono em que a maioria dos sonhos acontecem).

Normalmente quando acordamos após um sonho não-assustador retomamos o sono com facilidade. No entanto, após um pesadelo acordamos com medo, com taquicardia, sudorese, com falta de ar e acabamos por ter dificuldade em voltar a dormir.

Os pesadelos podem ser muito vividos, dando a impressão que se está acordado e vivenciando algo real. Na maioria das vezes, os pesadelos estão relacionados com sensação de ameaça a vida, morte, assalto, situações agonizantes e desesperadoras.

Não se sabe exatamente a causa dos pesadelos, mas assim como as outras parassonias, é comum ter mais alguma outra pessoas da família que também costuma ter pesadelos.

Algumas situações podem facilitar e desencadear os episódios de pesadelo como: uso de alguns medicamentos, algumas doenças, quadros de depressão e ansiedade, traumas emocionais, abuso físicos ou emocionais, abstinência alcoólica e privação do sono.

Sonambulismo



É mais comum em crianças entre 5 a 12 anos de idade, na pré-adolescência e na adolescência. Com o avançar da idade vão se tornando mais raros e até desaparecem.

Eventualmente, um adulto que era sonâmbulo quando criança pode ter um episódio ou outro de sonambulismo. A pessoa acorda no meio da noite, senta na cama, se levanta, anda pelo quarto, fala um pouco e depois volta a dormir.

Os olhos ficam bem abertos e fixos, e geralmente, o sonâmbulo não fala e não responde às tentativas de comunicação de outra pessoa. Os episódios de sonambulismo podem ser rápidos ou longos, de comportamento calmo ou agitado.

Geralmente, a pessoa durante o sonambulismo tem atitudes automáticas, faz o que está acostumada a fazer no dia a dia dentro de casa. Em alguns casos, o sonâmbulo tem atitudes mais elaboradas e não fica somente em seu quarto, mas anda pela casa, podendo fazer tarefas corriqueiras e automáticas como abrir a geladeira, ligar a televisão, mudar os móveis de lugar e levar um objeto de um quarto para outro. Mais raramente, algumas pessoas podem abrir a porta de casa e sair, ou pular a janela de seu quarto, por exemplo. Estas situações podem ser perigosas, pois ao sair de casa podem se machucar ou se perder.

Quando o sonâmbulo tem estes comportamentos mais complexos, é preciso tomar algumas precauções dentro de casa como tirar a chave da fechadura, travar janelas, colocar alarmes no caso de alguma porta ou janela ser aberta, cuidar com a presença de escadas e tirar tapetes para que não tropece. Além destas atitudes mais complexas durante a crise de sonambulismo, algumas pessoas podem ter um comportamento violento ou agressivo. Apesar de bastante raro, este comportamento violento parece ser mais comum no homem do que na mulher.

Terror Noturno



É um quadro mais intenso e um pouco mais dramático, quase que só observado em crianças pequenas (geralmente até os 7 anos de idade). A criança senta na cama como se estivesse acordada, com os olhos abertos e como se estivesse com medo e assustada, pode inclusive estar chorando ou gritando.

Pode dar a impressão que a criança está extremamente assustada e agitada, com sinais físicos de medo (taquicardia, sudorese, pupilas dilatadas, respiração ofegante). Algumas crianças ficam agitadas a ponto de correr o risco de caírem da cama. As crianças maiores saem da cama, correm pelo quarto ou pela casa como se estivessem fugindo de algo.

O terror noturno costuma ser desesperador para quem está olhando a expressão de susto da criança. Nestes casos, é impossível tentar consolar a criança, ela não se comunica ou se conforta com as tentativas dos pais em tranquilizá-la.

Deve-se aguardar o tempo necessário para que o episódio passe naturalmente e cuidar para que a criança não se machuque durante a crise. Geralmente as crianças ficam com amnésia após o episódio e não se lembram do que aconteceu, mas em alguns casos, pode ocorrer uma vaga lembrança de parte do ocorrido.

Se os quadros de terror noturno acontecem de vez em quando, sem muita frequência e não duram muito tempo, não deve haver preocupação por parte dos pais. Se por outro lado, são bastante frequentes, acontecem mais de uma vez no decorrer da noite ou costumam durar muito tempo, uma avaliação médica estaria indicada.

Paralisia do Sono



Ocorre quando acordamos e temos a sensação de não conseguirmos mexer. Os olhos estão abertos e conseguem se mover, a respiração é normal (não há falta de ar), mas a pessoa não consegue mexer o corpo, os braços ou as pernas.

Geralmente esta situação gera uma certa ansiedade e medo, pois a pessoa está consciente de que não consegue se mexer apesar de já estar acordada, e ao mesmo tempo fica um pouco confusa sem saber se ainda está sonhando. Deve se aguardar calmamente até que a paralisia muscular acabe, o que pode levar alguns segundos ou poucos minutos, e então os movimentos vão gradativamente voltando.

Estes episódios não significam nenhum problema grave de sono, podem ocorrer eventualmente. A paralisia do sono parece ocorrer com mais facilidade em situações de muito cansaço ou de privação do sono. Quando ocorrem com mais frequência, podem ser sinal de um outro distúrbio do sono conhecido como narcolepsia, que é uma situação mais rara mas que precisa ser tratada.

Sonilóquio



É o termo utilizado para a situação em que a pessoa fala enquanto está dormindo, o que é extremamente comum, acontecendo com várias pessoas. A pessoa pode falar palavras e frases completas, como também pode emitir somente sons incompreensíveis.

Na maioria das vezes são palavras e frases confusas e sem sentido, e que não são lembradas quando a pessoa acorda. Eventualmente a pessoa que está dormindo e falando pode responder a alguma pergunta de forma quase automática, mas não é capaz de manter um diálogo coerente. Este quadro é um distúrbio leve do sono e geralmente não traz repercussões na qualidade do sono.

Distúrbio Comportamental do Sono REM



É uma situação não tão frequente e geralmente percebida pela pessoa que está dormindo ao lado. O Sono REM é uma fase do sono na qual ocorre a maioria dos sonhos, e durante este sono ocorre um fenômeno de proteção que é a atonia/paralisia muscular temporária (impossibilidade de mover os músculos), evitando que a pessoa vivencie fisicamente os sonhos.

Pois bem, no Distúrbio Comportamental do Sono REM esta atonia deixa de existir (mesmo que parcialmente) e a pessoa passa a vivenciar os sonhos, a gesticular de acordo com o conteúdo dos sonhos. Como temos mais sonho na segunda metade da noite, estes comportamentos costumam acontecer do meio da noite para frente.

Estes comportamentos acontecem mais facilmente nos sonhos com característica violenta, e a pessoa fica dando socos no ar como se estivesse golpeando alguém ou balançando as pernas como se estivesse chutando ou correndo. Casos mais leves e movimentos não tão agressivos também podem acontecer, assim como falar, gritar ou até mesmo xingar. Como se trata de um comportamento decorrente de um sonho, deve-se tentar acordar a pessoa durante estes episódios.

Há casos mais graves em que a pessoa sonha que está pulando de algum lugar, que está correndo e acaba caindo da cama e batendo nos móveis do quarto, com grande risco de se machucar.

Algumas vezes, os comportamentos são tão intensos e violentos que a pessoa pode dar soco, golpear e machucar quem está dormindo ao lado.

O Distúrbio Comportamental do Sono REM é mais comum em homens mais velhos, já na meia-idade. O aparecimento costuma ser gradual com piora do quadro com o passar do tempo. Parece haver uma relação entre o aparecimento desses comportamentos durante o sono e o desenvolvimento no futuro de doenças neurológicas como a Doença de Parkinson ou a demência.